Vandré adaptado à educação

Por Prof. Ms. Coltri Junior

Em um dos grandes festivais da canção, no ano de 1968, Geraldo Vandré, pediu respeito a Tom Jobim e a Chico Buarque e terminou dizendo uma frase que entrou para história: a vida não se resume em festivais. Em seguida, entoou a canção Pra não dizer que não falei das flores. Podemos pegar a mesma fala e trazê-la para o vestibular.

Do nascimento ao fim da Educação Básica

Vale lembrar que a educação começa em casa, desde o nascimento. Depois, a escola entra com um papel de instrução e auxílio no desenvolvimento da pessoa. São as fases da Educação Infantil (Jardim), do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, compondo a chamada Educação Básica.

O jovem chega ao fim desse ciclo por volta dos 18 anos. Aí, são 3 meses, em média, contanto a tentativa de entrada em várias universidades, prestando provas. Começa aí o restante dos seus dias (levando em consideração o cenário atual, podemos ter um grande número dessas pessoas atingindo a idade de 95 anos, em média). São mais 77 anos.

Portanto, é preciso muito cuidado com o que se faz na Educação Básica. Ela é essencial para a formação desse ser humano e para as condições que ele terá que desenvolver para esses outros 77 anos. Dessa maneira, gastar os 3 anos do Ensino Médio apenas e tão somente em preparo técnico para fazer as provas do vestibular é insano.

É preciso ir além do vestibular

Digo isso, não só por opinião. O filósofo e professor Mário Sério Cortella, no livro Liderança em Foco, escrito junto com o Dr. Eugenio Mussak, traz uma pesquisa da PUC/SP, realizada junto com a Unicamp, que mostra que os 10 alunos mais bem colocados nas provas do vestibular, estavam longe de ser as melhores notas do curso escolhido, ao fim do curso. Ou desistiam, ou não acompanhavam o processo e iam ficando para traz.

Por sua vez, os 10 primeiros colocados na redação tinham os melhores desempenhos no curso. O que nos leva a crer que, quem aprendeu a pensar, estava muito à frente daqueles que foram apenas programados para fazer a prova de entrada na faculdade.

O animal satisfeito dorme

E aí, então, temos algumas considerações importantes. A primeira delas é o foco. Quando temos um objetivo e o alcançamos, há um relaxamento natural. Se o objetivo de vida é entrar na universidade, quando conseguimos, a motivação cai. É mais ou menos o que Guimarães Rosa dizia: “o animal satisfeito dorme”. E aí, foi-se o período da faculdade. Não à toa, temos um índice alto de pessoas que consideram um recém-formado, hoje, uma pessoa mal formada, sem inspirar confiança. Isso me intriga, porque fica a pergunta: a faculdade, que é o ambiente de formação profissional, serviu para quê? No fim, o leão do vestibular virou um gatinho indefeso no mercado de trabalho.

Por isso, cuidado. Claro que é preciso se preparar para passar (o vestibular é um muro que precisa ser transposto), mas, também, para saber estudar na universidade (e, ainda, depois, para a grande maioria dos anos restantes da sua vida). Então, parafraseando Vandré: “a educação precisa ser respeitada; a vida não se resume em vestibulares”.

Pense nisso, se quiser, é claro!

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