Por Prof. Ms. Coltri Junior

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Uma onda de desligamentos vem assolando os profissionais de TV nos últimos anos. Dentre tantos outros, depois de perder o Galvão Bueno, a Rede Globo, por exemplo, dispensou mais dois grandes profissionais da área: o Jota Junior e o Cléber Machado. Resumindo, 3 dos mais experientes e gabaritados profissionais podem virar concorrentes diretos.

 

Cléber Machado, Jota Júnior e Galvão Bueno deixam a Globo em nome da reformulação da emissora (Foto/Divulgação/TV Globo)
Fonte: Cléber Machado, Jota Júnior e até Galvão: veja quem saiu da Globo em reformulação – https://jmonline.com.br/esporte/cleber-machado-jota-junior-e-ate-galv-o-veja-quem-saiu-da-globo-em-reformulac-o-1.255515

Tanto é verdade que, no último sábado, o canal do Galvão transmitiu o jogo da seleção brasileira, com números impressionantes: mais de 9 milhões de visualizações (nas métricas do Kantar Ibope, pode-se dizer que o índice de audiência ultrapassou a casa dos 10 pontos). 

O estrago do Galvão

Segundo os dados consolidados do dia, nenhuma emissora atingiu essa média. A Globo, com maior audiência, ficou na faixa dos 9,5, com picos de 21 na novela Travessia, a maior audiência do dia.

Só para se ter uma ideia do estrago no horário do jogo, a Globo perdeu 2,4 pontos de audiência média no dia, em relação ao sábado anterior (11,9 no dia 18/3 a 9,4 no dia 25).

O jornal local perdeu 3,9 pontos (19,2 a 15,3), a novela Vai na Fé perdeu 3,2 (20,5 a 17,3).

O Jornal Nacional perdeu 3,8 (21,4 a 17,6). E respingou até na novela Travessia, já que a transmissão do Galvão durou mais de 3 horas, perdendo 2,2 (23,2 a 21,0).

Claro que as outras emissoras foram afetadas, também. A Record perdeu 0,8 pontos (3,7 a 2,9). O SBT perdeu 0,7 (3,7 a 3,0), a Rede TV, 0,1 (0,3 a 0,2 – o que representa 1/3 de sua audiência).

A única que cresceu foi a Band, que também transmitiu a partida, indo de 1,4 a 2,5, ganhando 1,1 ponto. No horário do jogo, a audiência cravou 10 pontos).

As desculpas de sempre

O fato é que a desculpa para os cortes é sempre a mesma ladainha: a questão financeira. E aqui tem um paradoxo: o corte de custos pode, e muitas vezes acontece, causar mais prejuízo, já que a empresa, se não tomar cuidado, coloca a qualidade do seu produto em xeque.

Aí, claro, a aceitação é menor, diminuindo o número de clientes e, consequentemente, a receita.

Essa conta pode ser muito traiçoeira (Norton e Kaplan, de Harvard, já nos mostram isso desde o início dos anos 90, assim como Peter Senge, que na mesma época, lançou a 5ª disciplina, nos ensinando a olhar as organizações de modo sistêmico; pena que muita gente ainda não aprendeu).

A ameaça do Streaming

No fato da TV, ainda tem mais: uma das ameaças a ela é o streaming. E, claro, o maior risco está no Youtube, já que ele trabalha com o custo de produção nas mãos (no bolso, na verdade) dos próprios produtores (e que é bem mais baixo do que o tradicional).

Assim, ela negligencia uma das 5 forças de Porter: a ameaça de entrada de novos concorrentes.

Dessa maneira, os colaboradores de outrora, por agora terem uma barreira de entrada bem leve, viram concorrentes diretos, com boa visibilidade e custo publicitário bem menor, além de alcance comprovável, coisa que muitas TVs aqui no nosso estado nem têm (e que também têm perdido profissionais para a internet).

Pense nisso, se quiser, é claro.

Prof. Ms. Coltri Junior é consultor, palestrante, adm. de empresas, mestre em educação, professor, escritor e CEO do Hardcore Game Channel. www.coltri.com.br; Insta: @coltrijunior

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