Sim, as oportunidades acontecem
Por Coltri Jr.
Embora insana, é preciso continuar nossa brigada contra frases feitas jogadas ao léu.
A pérola de hoje é: “as oportunidades não acontecem, você as cria”.
Será que é assim mesmo?
Muito bem: sabe aquela vaga de emprego que apareceu? O que você fez para que a pessoa que a ocupava antes, saísse?
A não ser que você seja uma pessoa estrategista do mal, creio que nada.
É claro que, para que possamos dar uma opinião sobre algo, é muito importante que entendamos os conceitos e os contextos.
A Origem da Palavra Oportunidade
Oportunidade é uma palavra originária do nome de um vento da época do Império Romano, Ob Portus, que significa o vento que leva ao porto.
Ele estava lá. As embarcações chegavam, as velas eram colocadas na posição ideal, o vento vinha e as levava ao porto.
Por isso, uma das ferramentas de análise de cenário é a SWOT, que é dividida em duas grandes áreas, externa (sem sua governança) e interna (sob seu gerenciamento).
Cada uma delas é subdividida em duas: oportunidades e ameaças na externa e pontos fortes e pontos fracos na interna.
Portanto, oportunidade, grosso modo, é algo que existe ou acontece e que pode me favorecer.
Ameaça, por sua vez, é o inverso. É algo que não tenho gerencia, mas que pode comprometer minha caminhada, meu sucesso.
Algo pode ser Oportunidade e Ameaça ao mesmo tempo?
Para completar, via de regra, uma coisa não é oportunidade ou ameaça, em si. Caso você queira pescar naquele lugar do Ob Portus, o vento pode ser uma ameaça.
O valor do dólar, por exemplo, para quem trabalha com importação, quando ele está alto, é uma ameaça. Quando abaixa é uma oportunidade. Para quem trabalha com exportação é o inverso.
Dessa maneira, o que vai definir o sucesso, além da definição e decisão do que se quer, são os pontos fortes e fracos (que dependem do sujeito, ou da empresa, portanto, sob sua gerência) que estão envolvidos naquele processo.
Então, veja, conceitualmente e na prática, as oportunidades não estão sob o nosso comando. Elas são externas. Não criamos o vento, mas, se soubermos direcionar as velas, que seria um ponto forte, aí sim, poderemos aproveitá-las.
Enfim, Criamos as Oportunidades?
Dessa maneira, é importante frisar que o mundo está cheio de oportunidades (e de ameaças, também). O que nós criamos é a capacidade de aproveitá-las, mas não ela em si.
Assim, efetivamente, não criamos as oportunidades, nós a aproveitamos conforme nossa capacidade e competência de usá-las naquele momento.
Por isso, não se desespere. Se você enxerga uma oportunidade agora, mas não tem condição de usá-la em seu favor, prepare-se.
Claro, ela pode ser única, mas na maioria das vezes não é assim. Estando capacitados, não podemos perdê-la.
Não estando, é preparar-se e acalmar-se. É como dizia Renato Russo em sua crítica social, O Teatro dos Vampiros: vivemos como se a primeira vez fosse a última chance. Muitas vezes não é.
Pense nisso, se quiser, é claro!