Carolina, a cantada por Chico Buarque (na canção Carolina), parece viver em outro mundo. Não entende nada que o outro fala. Não adianta mostrar a ela que o tempo passou na janela, não adianta declamar mil versos para lhe agradar, que Carolina não é capaz de entender.

Por que será? Carolina tem déficit de atenção? Alguma dificuldade de aprendizagem?

E se vermos pelo olhar da Carolina?

E se olharmos por outro ângulo, pelo olhar da Carolina? Será que vemos o que Carolina vê? Somos capazes de sentir o que ela sente? Será que fosse ela a personagem que fala sobre o outro, os questionamentos sobre não entender não seriam os mesmos?

O que não está explícito, o que não foi, não tem como saber. A grande questão aqui é que há uma representação de um sério problema de comunicação. Há um grande ruído entre o que é falado e o que é entendido.

O óbvio existe?

Para que possamos entender que o nosso óbvio não é tão óbvio assim para o outro, precisamos compreender o processo de comunicação.

Para nos comunicarmos com alguém, precisamos de um emissor da mensagem (que pode ser de qualquer jeito, seja pela fala, pela escrita, por expressão corporal etc.).

Esse emissor, para poder expressar seu pensamento, necessita codificar essa mensagem (língua, palavras, gestos etc.), que precisa sair dele e se dirigir ao outro. Para isso, é necessário um meio.

Assim que chega ao outro, como a mensagem está codificada, necessita-se de decodificação para que o receptor, último ente desse processo, possa entendê-la.

Componentes da comunicação

Como exemplo: posso pensar em carro e falar em alemão. Ondas sonoras (meio) saem da minha boca e chegam aos ouvidos de outra pessoa. Ela só decodificará se entender alemão. Caso contrário, a mensagem para.

Os Componentes da Comunicação na prática

Assim é o que sempre acontece: o cérebro (decodificador) do receptor precisa estar alinhado com a mensagem que vem codificada. Se não, não haverá comunicação de fato.

Portanto, quando temos que nos comunicar com alguém, precisamos alinhar os conceitos, as formas e os meios, para que a codificação venha no mesmo prisma da decodificação.

Acontece que, ainda assim, como não temos cérebros de modo padrão (todos são diferentes e, na mesma pessoa, são diferentes, também, a cada momento), por mais que tudo esteja dentro dos conformes, partes da mensagem se perderão, gerando um ruído no processo. Por isso, sempre é necessário um feedback, para que os pontos não entendidos sejam clarificados.

Assim, por que declamar mil versos para a Carolina, se ela não entendeu os primeiros? Não seria importante mudar para prosa? Talvez funcione.

Pense nisso, se quiser, é claro!

Prof. Coltri Junior é palestrante, administrador de empresas, consultor organizacional e educacional, professor e diretor da Nova Hévila Treinamentos. Website: www.coltri.com.br – E-mail: coltri@coltri.com.br – facebook.com/coltrijr.

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