Planejamento: previsão ou pretensão?
Por Coltri Jr.
Muitas empresas que já fizeram planejamento, deixaram de fazer por conta de uma suposta ineficácia do trabalho. A razão da falta de resultados é muito simples: muitos tratam planejamento como previsão (sem saber disso, obviamente).
A Análise SWOT
O que acontece é que tudo já começa errado: a partir de uma análise SWOT, quando se mapeiam as ameaças e oportunidades (fatores não gerenciáveis, portanto de ordem externa à empresa) e as forças e fraquezas (fatores internos, portanto de gerência da organização), traça-se um plano de longo prazo.
Certamente, as ameaças e oportunidades estão em constantes mudanças e, quando mudam, impactam nas forças e fraquezas, podendo mudar de status.
Assim, só para se ter uma ideia, quando eu era coordenador de curso na área de administração e fomos avaliados pelo MEC, a falta de graduação na área, um dos critérios de avaliação, determinava nota mínima para o coordenador.
De fato, era uma condição que eu ainda não tinha (estava cursando).
Quando mudam os critérios, mudam os resultados
Ocorreu que no ano seguinte, o MEC alterou os critérios (mudança no ambiente externo). Passou a contar a experiência de mercado e acadêmica na área. Assim, mesmo sem a formação, eu saí da nota mínima para a nota máxima.
O fato é que a mudança de critério pode mudar o resultado, até com disrupção, para o bem, ou para o mal.
Igualmente é o que diz a canção Aquarela (Toquinho e Vinícius): “o futuro é uma astronave que tentamos pilotar; não tem tempo, nem piedade, nem tem hora de chegar; sem pedir licença, muda nossas vidas e depois convida a rir ou chorar”.
É o fim da Análise Swot?
Por conta disso, hoje há quem diga que a SWOT morreu. Na verdade, esse uso dela entre longos períodos, já fez com que ela estivesse morta quase que desde sempre.
Mas, como ferramenta de análise diária (e isso impactaria mudanças de processos e estruturas organizacionais), continua sendo de grande valia.
E assim o é, exatamente porque planejar não é atividade de previsão, mas de pretensão.
Inegavelmente, os fatos e dados de hoje podem não servir amanhã, mas, se sei para onde ir, se tenho um caminho definido, consigo analisar o ambiente com vistas a isso e ir me moldando, modelando, ajustando, rumo ao destino traçado.
Então, o que é planejar?
Grosso modo, planejar tem o intuito de definir e perseguir um objetivo. Sei que isso é claro para quase todos, mas o modus operandi não traduz isso (muito pelo contrário).
Aí, a partir desse objetivo definido, traçam-se indicadores (fatores a serem medidos que, em conjunto, dão o todo do objetivo), metas (resultados pretendidos dos indicadores), estratégias (iniciativas de largo espectro que levam a atingir as metas) e plano de ação.
Assim, conforme o ambiente vai mudando, as ações de largo e curto espectro, de certa forma, precisam mudar.
Portanto, seria uma grande loteria que todas as ações planejadas de início tenham validade o tempo todo.
Por tudo isso, planejar não é prever, mas pretender algo. E fazer o que for preciso, dentro da ética, claro, para conseguir.
Pense nisso, se quiser, é claro!
Prof. Ms. Coltri Junior é consultor, palestrante, adm. de empresas, mestre em educação, professor, escritor e CEO do Hardcore Game Channel. www.coltri.com.br; Insta: @coltrijunior