Por Coltri Junior

Na estreia da seção Tocando a Alma, vou falar sobre a música Minha Alma (O Rappa). Escolhi essa canção porque ela “toca” em um ponto importante sobre a paz e fala da alma (e, por isso toca e fala da alma).

Mais que isso, ela vem de uma conversa que tive com meu filho, Henrique, publicitário, que trouxe essa ideia. Com isso, tocou a minha alma, também. Portanto, nada mais apropriado para estrearmos essa área em nosso blog, Tocando a Alma, que trata das lições e reflexões que as músicas nos trazem.

As lições de A Minha Alma

Minha Alma nos alerta para um tipo de relacionamento muito perigoso, que é o de abrirmos mão de conflitos (não necessariamente guerra, mas de divergências de opinião) em prol do que se acha ser paz. Isso é do lado de quem fala.

Por outro lado, isso acontece porque há os que querem calar os outros, muitas vezes pelo motivo dessa opinião contrária ferir seus interesses.

Quem cala, o faz por medo (paz sem voz não é paz, é medo). Quem tenta calar o outro é covarde e tão medroso, ou mais, do que seu interlocutor.

Paz sem voz - O Rappa

O medo de quem cala é de sofrer represálias e fortes consequências (as vezes pagando com a vida) por divergir.

O medo de quem ameaça é de enfrentar a realidade e a exposição de suas incorreções, expondo suas fraquezas. Por isso, tenta calar o outro.

Os 6 tipos de relacionamentos

Stephen Covey, em os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes, fala de 6 paradigmas da negociação (que são dos relacionamentos):

O primeiro é o ganha-perde (onde um “joga” para vencer em detrimento do outro).

O perde-ganha (que é aquele que abre mão do que pensa e do que acha certo para não entrar em, nem enfrentar um, conflito).

O perde-perde, quando há vingança e o foco da vida passa a ser a destruição do outro, valendo isso para os dois lados.

Tem o ganha-ganha, onde as relações são estruturadas para que os dois lados sejam contemplados.

O quinto é o ganha (nesse caso, a pessoa atua como um rolo compressor, não se importando se outro lado vai ganhar ou perder, ela só pensa nela; é mais ou menos o que diz os versos da canção Alvorada Voraz, do RPM: “juram que não torturam ninguém / agem assim pro seu próprio bem”).

O sexto paradigma é o ganha-ganha ou nada feito (há, aqui nesse caso, uma forte condição de que todos saiam ganhando; é o ganha-ganha levado às últimas consequências, no bom sentido, é claro).

Paz sem voz: o perde-ganha

O Rappa, em A Minha Alma, trata exatamente dos segundo caso: o perde-ganha, já que há um pedido para que não se deixe cair na mazela dessa paz em que se perde a voz, portanto a autonomia, a individualidade e, em essência, sua própria vida.

A mensagem é que temos que deixar a nossa alma em vigília para que não caíamos na rotina da aceitação de tudo, da alienação à realidade (a minha alma “tá” armada e apontada para a cara do sossego).

O perde-ganha nos leva ao extremo da aceitação de que a culpa do crime é de quem passa em determinado lugar, pela roupa que veste, pela corrente ou relógio que usa. É tido como imprudente (claro que devemos ter cuidado, a questão é aceitar isso normalmente).

Enquanto nosso sentimento de segurança estiver dentro da nossa casa, por meio de câmeras, por vezes com seguranças armados, pelas grades do condomínio, estaremos nesse processo de paz sem voz (as grades do condomínio são pra trazer proteção / mas também trazem a dúvida se é você que está nessa prisão).

Enquanto estivermos seguros socialmente exatamente pela prudência de não expormos nossa visão, seja política, religiosa ou qualquer outro tema, idem.

Enquanto aceitarmos aqueles que querem nos calar, mais ainda (lembrando que ele não é forte; quem tenta calar, tem mais medo).

Enquanto, em nossos relacionamentos, aceitarmos tudo por medo de perder a outra pessoa, estaremos em paz, porém calados, sem voz. E isso, como diz A Minha Alma, não é paz, é medo.

A paz não está na ausência de conflitos

A felicidade tem como parte o resultado dos conflitos (o que tiramos deles para o nosso bem?). Há uma frase, que desconheço o autor, que diz mais ou menos assim: “a paz não está na ausência de conflito, mas na presença da justiça”.

O que isso quer dizer: que os conflitos verdadeiros, onde se busca um bem maior, tem o amor como resultado, lembrando que a busca é sempre para o ganha-ganha.

Se sairmos da relação de perde-ganha para a ganha-perde, de nada adianta, simplesmente mudamos de lado. Portanto, se ausentar (e atacar para defender sua opinião) não traz paz, tampouco felicidade, mas alienação do mundo ao seu redor.

Atuar conscientemente, sabendo ouvir, também, pode auxiliar as pessoas e construir um mundo melhor.

Qual paz você deseja?

Por essas e outras, vale a reflexão da canção: que tipo de paz você quer ter: aquela em que finge que tudo está bem, ou aquela fruto da sua atuação calorosa? Portanto, qual a paz que você não quer (ou quer) conservar para tentar ser feliz? Reforçando: paz sem voz não é paz, é medo!

Pense nisso, se quiser, é claro!

Prof. Coltri Junior é palestrante, administrador de empresas, consultor organizacional e educacional, professor e diretor da Nova Hévila Treinamentos. Website: www.coltri.com.br – E-mail: coltri@coltri.com.br – facebook.com/coltrijr.

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