Está circulando um vídeo no qual os atores Maurício de Barros e Marcelo Laham interpretam o Fernando Burrão e o André Ventura, respectivamente. O segundo era o melhor aluno da sala. O Fernando reprovou na 5ª série em várias matérias, dentre elas Língua Portuguesa, Matemática e Educação Física (veja o vídeo mais abaixo).
Um pouco da história
A história acontece em um bar, local muito utilizado nas histórias para decisões importantes no roteiro, num reencontro depois de muitos anos. Ventura começa “zoando” o Burrão e conta que estudou na USP.
Ainda, se gaba, dizendo que foi o 1º em engenharia mecatrônica, fez pós, MBA (lembrando que MBA é um tipo de pós, embora o mundo acadêmico, equivocadamente, considera pós somente os curso stricto sensu), morou 10 anos em Nova Iorque etc., mas, agora, está ali à espera de uma entrevista em uma empresa ao lado do bar. Disse que foi desligado da empresa.
Na sequência, pergunta sobre como está o amigo, que diz não ter saído da 5ª série. Ventura lembra que Burrão ficava escondido na sala fazendo “movelzinho” com palito de fósforo para vender no intervalo.
O amigo, então diz que é verdade. E a coisa deu tão certo, que depois ampliou. Começou a fazer móveis de palito de sorvete para casinha de boneca. E, como estava andando de vento em popa, começou a fabricar móveis residenciais de verdade.
O sucesso foi tanto, que o passo seguinte foi construir casas. Depois evoluiu para condomínios e, agora, ampliou para montadora, não de veículos, mas, pasmem, de aviões.
Enfim, Burrão era dono da empresa na qual Ventura estava procurando emprego. Este, surpreso, pergunta: “então a entrevista que eu tenho é com você?”. Burrão diz: “comigo não! É com o pessoal do RH. Eu não tenho competência, não saí da 5ª série!”
Assista ao vídeo:
Nem 8, Nem 80
Por que nem 8, nem 80? Porque temos que tomar cuidado com histórias desse tipo. Precisamos pegar o contexto inteiro e a mensagem principal que o roteiro traz. Ele trata, em essência, de soberba e humildade.
É sobre o que o Prof. @cortellaoficial fala: “conhecimento é para encantar as pessoas, não para humilhá-las”. Ventura se achava melhor do que o amigo por conta de sua trajetória acadêmica. Nunca imaginaria que um dia fosse pedir emprego ao Burrão. O mundo dá voltas.
Por outro lado, há outras mensagens que, generalizadas, podem ser perigosas. Uma delas é que a formação, o estudo, o preparo, não vale nada.
O mesmo Cortella tem uma fala sobre isso. Ele diz que, quando o(a) jovem chega para o pai ou mãe e diz que não vai fazer faculdade porque o Bill Gates e o Steve Jobs também não fizeram, pode-se concordar, mas com uma condição: entre em Harvard, da mesma forma que os dois. Depois, pode sair.
Assim, conhecimento e arrogância não caminham juntos. Sucesso sem preparo e sem competência não é regra, é a exceção da exceção. É como ganhar na loteria. Cuidado!
Há mais tipos de inteligência dos que as tradicionalmente conhecidas
Importante lembrar que há vários tipos de inteligência (e elas vão muito além da lógico-matemática e da linguística).
O Burrão mostra ter inteligência interpessoal (pela condução da conversa), espacial, competência empreendedora (desenvolvida ao longo da vida), dentre outras.
Não confunda regra com exceção
Vale lembrar que as histórias dos “Burrões” que não deram certo não são contadas. E são muitas! As daqueles que estudaram e tiveram sucesso, muitas vezes não são inspiradoras.
E ainda tem os que, mesmo passando em Harvard e a abandonando, nunca foram nada na vida.
Pense nisso, se quiser, é claro.
Prof. Ms. Coltri Junior é consultor, palestrante, adm. de empresas, mestre em educação, professor, escritor e CEO do Hardcore Game Channel. www.coltri.com.br; Insta: @coltrijunior