Por Prof. Me. Coltri Jr.
Em meus trabalhos de consultoria, já não é de hoje, vejo empresários, gerentes, colaboradores e servidores públicos com repulsa ao que chamamos de planejamento estratégico. É claro que para isso há culpa dos dois lados, tanto das pessoas que compõem as organizações, quanto dos consultores.
Muitos dos primeiros sofrem pela falta de formação e treinamento em administração. Por mais que se tenha sucesso por feeling, chega uma hora que o sistema universal traz a conta pela falta de conhecimento. Normalmente isso ocorre em períodos de crise. Para melhor entendimento, recomendo a palestra Acredite em Você, do Robinson Shiba, da empresa China in Box, no canal da Endeavor no Youtube.
Assim, esse desconhecimento promove parte do insucesso, já que desengaja. Ainda, como planejar leva tempo e não promove resultado imediato, já que é a hora do plantio, as pessoas tendem a desistir. É preciso querer pagar o preço.
Pelo lado da consultoria, vejo muitas vezes o problema pautado na Síndrome da Lua e Flor. Na canção do Oswaldo Montenegro há um verso que diz: “eu amava como amava o pescador / que se encanta mais com a rede do que com o mar”. Muitos focam no processo, quando o que vale é o resultado. É isso que o cliente precisa.
É claro que o resultado é fruto de um processo bem executado, mas ambos devem estar ligados. Portanto, tudo o que se faz na fase do planejamento deve ter como foco a execução e o resultado, não a ferramenta em si. É preciso se encantar com o mar.
Dessa forma, precisamos entender que planejamento é previsão, não é precisão. Um plano tecnicamente bem feito vai apresentar problemas, falhas, também. Por isso temos o PDCA (que é uma ferramenta, não o foco). Ele nos permite trabalhar com o planejamento (P=plan), a execução (Do=fazer), a gestão da execução (C=check – avaliar) e com ações corretivas (A=action – ação corretiva). O resultado é o foco. E, para isso, precisamos de planejamento e execução. E como temos a parte corretiva, sabemos que o que foi planejado pode dar errado. Aliás, se você conseguir prever o futuro com precisão para a próxima semana, me ensine, quero aprender…
Por isso, o resultado de uma organização depende de duas habilidades: a capacidade de lidar com o previsto e com o inusitado. Muitos erram por nem pensarem no que já é previsto. Saem para viajar sem uma noção de quantos postos de combustível tem no caminho, tampouco a distância entre um e outro. Isso sem falar em água e alimentação. Agora, se não pensam nem naquilo que é visível, perceptível, mensurável, imagina no imponderável.
O fato é que as organizações necessitam de um comandante (na versão piloto de avião). Eles têm plano de voo (para o previsto) e uma equipe preparada para situações inusitadas, como a despressurização, o pouso na água, dentre tantas outras.
Nos navios, assim que o passeio se inicia, todos vão para um saguão e há um treinamento para caso de naufrágio. É o inusitado (como fato não comum, mas possível de acontecer), o acidente, levado em consideração.
Há, ainda, o inusitado não pensado (inesperado, surpreendente, não previsto). Por isso, o capitão do navio deve ser o último a sair. Tem o dever de tomar as decisões. E, aí, quanto mais conhecimento tem, mais criatividade terá. Portanto, mais chance de sair da situação de forma exitosa. Há um plano, não para saber o que fazer, mas como protocolo para tomada de decisão.
Assim, um plano bem feito traz estratégias para seguir o caminho pensado e para mudá-lo, quando as condições assim exigirem.
Enfim, é preciso planejar o que tem que ser feito e deixar espaço para novas ações que se fizerem necessárias durante o caminho. Isso, claro, desde que se saiba o ponto de chegada.
Pense nisso, se quiser, é claro!
Prof. Me. Coltri Junior é consultor organizacional e educacional, palestrante, administrador de empresas, especialista em gestão de pessoas e EaD, mestre em educação e professor e diretor da Nova Hévila Treinamentos. É coautor do livro Pessoas – Foco e Desenvolvimento, pela Umanos Editora. Website: www.coltri.com.br; Insta: @coltrijunior