Se tem uma coisa que é muito fácil de nos dominar é a tal da vontade. Guilherme Arantes, em Taça de Veneno, já dizia: “vontades fazem de um rei um escravo”.
É fato que sua chegada é difícil de controlar, mas é possível desenvolver um domínio sobre nós mesmos e aprender como lidar com ela.
Há algum tempo, eu escrevi aqui a história sobre um homem que, em tempos passados, roubou o ouro no mercado, em plena luz do dia, sem o mínimo de cuidado.
Obviamente foi facilmente detido. Perguntado sobre o porquê de fazer assim, disse: “eu só vi o ouro!” Somos escravos de nossas vontades, se não a dominarmos.
Esse domínio se dá pelo nível de consciência que desenvolvemos sobre nós mesmos. Rudolf Steiner, que desenvolveu a Antroposofia, por exemplo, nos traz, não cinco, mas doze sentidos. Dentre eles, e o mais elevado, é o sentido do Eu alheio ao próprio corpo.
Sentir o seu Eu é sentir que você existe, que é além de suas características físicas, da sua forma de pensar e agir. É saber que pode mudar o que é preciso, apesar de sua estrutura neural.
Aliás, quem desenvolve esse sentido, passa a verdadeiramente dominar seu sistema de crença e seus paradigmas. Tem atuação “acorporal”. Em sendo assim, consegue ser dono de suas vontades.
É bom que se diga que não estou afirmando que ter vontade é ruim. Temos dois lados ruins: aquela pessoa que quer fazer tudo o que tem vontade, e aí, volta e meia, “mete os pés pelas mãos”, e temos, também, aquele que reprime suas vontades por acreditar que não pode, que não merece, que não consegue.
Por isso a importância de dominar o que se quer. Steiner trabalha a trimembração do ser: o pensar, o sentir e o querer. Não por acaso, temos os chamados três cérebros: o reptiliano (automatizado), o límbico (sensitivo) e o racional.
Quando deixamos a vontade nos dominar, é como se só o primeiro trabalhasse. Fazemos sem pensar, sem sentir.
Dessa forma, precisamos colocar os nossos sentimentos e pensamentos antes de decidirmos fazer algo. É pensar, sentir e querer (não necessariamente nessa ordem), de modo consciente.
Assim, precisamos cuidar, semear, regar nossos desejos. William Shakespeare dizia: “nossos corpos são nossos jardins; nossas vontades são jardineiros”.
Se não escolhermos bem nossos jardineiros, estaremos fadados a uma vida sem cor, sem sentido, situação na qual desejo e veneno andam juntos. Guilherme Arantes, também em Taça de Veneno, diz: “todos precisam de um veneno para encher a sua taça de desejos; todos precisam de um desejo para encher a sua taça de veneno”.
Deu vontade? E então? Quem é dono de quem?
Pense nisso, se quiser, é claro!
Prof. Ms. Coltri Junior é estrategista organizacional e de carreira, palestrante, adm. de empresas, especialista em gestão de pessoas e EaD, mestre em educação, professor, escritor e diretor da Nova Hévila Treinamentos. www.coltri.com.br; Insta: @coltrijunior