Deixe a meta do poeta
Por Coltri Jr.
Quando se trata de metas, há uma máxima: devemos defini-las de um modo que sejam desafiadoras, mas, ao mesmo tempo, alcançáveis.
O que ocorre é que é difícil é medirmos isso e chegarmos a uma ideia lógica que envolva as duas questões.
Em muitos casos, vale uma suposta intuição.
Não adianta eu querer jogar uma Copa do Mundo agora
É claro que há situações bem tranquilas de se resolver. Não adianta eu, com 54 anos, colocar como meta jogar a próxima Copa do Mundo de Futebol.
Agora, participar da seleção, de algum outro jeito, dentro de alguma outra função ou cargo, é possível, embora as possibilidades sejam no nível minimum minimorum, quando muito!
Meta: 1.000 dólares por mês
Bryan Tracy, no livro Metas, conta uma passagem de sua vida. Ele estabeleceu uma meta de ganhar um mil dólares por mês.
Escreveu e, por fim, perdeu o papel. O curiosos é que, em poucos meses, recebeu uma proposta para gerenciar uma equipe de vendedores. E o Salário, advinha: um mil dólares por mês.
Era algo que não tinha lastro histórico para acontecer. Era não previsível. Não havia tendência alguma para isso. Não era uma mera extrapolação futura da sua vida.
Aprendendo a nadar aos 28 anos de idade
É interessante quando temos exemplos parecidos com esses, mas tendo as metas estabelecidas a partir da nossa história de vida.
Aí, quando descontruímos, dissecamos, mapeamos os fatos, chegamos à conclusão de que parecia impossível ter planejado aquilo dentro do tempo histórico no qual aconteceu.
É o caso da Dailza Damas (1957 – 2008). Ela aprendeu a nadar quando tinha 28 anos de idade. E o fez para acompanhar seu filho em um tratamento de bronquite (mais ou menos no ano de 1985).
Ela dizia que chegou um momento no qual percebeu que a piscina olímpica (50 metors) era pequena para ela. Foi nadar no mar.
No ano de 1992, 7 anos depois de aprender a nadar, ela completou a travessia do Canal da Mancha (589 Km ), entre a Inglaterra e a França.
O tempo: 19h16min. Repetiu o feito em 1995, 3 anos depois, mas agora em 10h48min. Ainda, atravessou o lago Titicaca, o Estreito de Gibraltar, dentre outros.
O fato é que, quem poderia imaginar que uma pessoa que, beirando os trinta anos sem saber nadar, pudesse, 7 anos depois, atravessar o Canal da Mancha?
A grande questão é que, muitas vezes, não vemos um caminho lógico para algo acontecer. Mais ainda: o mundo tem uma agenda, uma forma de ser (é preciso respeitá-lo).
Possibilidades e Potencialidades
Por isso, é preciso entender que é possível atravessar o canal da Mancha, mas não amanhã, com você aprendendo a nadar hoje. No caso da Dailza, foram 7 anos.
Assim, há algumas coisas impossíveis e outras que nos parecem ser, mas não são. Só que a gente, por vezes, só descobre isso quando, por algum outro motivo, a coisa acontece
É que temos um véu que encobre nossas potencialidades e possibilidades.
Aí é que entra a meta. Ela pode nos ajudar encontrar a estrada para aquilo que hoje nos parece impossível.
A meta e o poeta
Dessa forma, podemos estender, para qualquer um, o que Gilberto Gil fala sobre o poeta e a lata e sobre o poeta e a meta, em Metáfora: “quando um poeta diz ‘lata’, pode estar querendo dizer o incontível […] quando o poeta diz ‘meta’, pode estar querendo dizer o inatingível”.
E esse inatingível pode ser de verdade (eu jogando a próxima Copa do Mundo) e pode ser só por, naquele momento, não se enxergar como fazer (Dailza, antes de saber nadar, pensar em atravessar o Canal da Mancha).
Por isso, “deixe a meta do poeta, não discuta / deixe sua meta fora da disputa / deixe-a simplesmente… metáfora”. A vida se encarrega dos encontros.
Pense nisso, se quiser, é claro!