Prof. Me. Coltri Jr.
Ao longo dos quase 20 anos de trabalho na área de consultoria e mentoria, por vezes me deparo com um pensamento equivocado de intuição por parte dos gestores e, até, de colegas de trabalho. Há uma abominação das decisões intuitivas.
Intuição é o processo final de interação entre sujeito e objeto, de modo a não haver mais limites entre um e outro. São dois transformados em um. Portanto, ela só ocorre quando há conhecimento pleno sobre o fato.
Assim, para intuir é preciso atingir o ponto máximo de consciência dentro daquela relação. É um processo ativo e em vigília.
O Prof. Dr. Jonas Bach (UFTM), em seu livro Fenomenologia de Goethe e educação: a filosofia da educação de Steiner, nos mostra a evolução dessa relação. Ela se inicia em uma fase de consciência representativa, portanto física, de capacidade psíquica perceptiva. Objeto e sujeito estão separados em corpos.
Evoluindo o processo, entra-se em uma fase de metamorfose física, de consciência imaginativa, com capacidade psíquica representativa. Objeto e sujeito tocam-se, mas ainda são dois, embora em uma relação já de possibilidade infinita, inclusive por sua imagem em forma de lemniscata. Portanto, atenção: intuir não é imaginar!
A continuidade da evolução da interação possibilita sentir a outra parte, podendo-se vivenciar e compreender. Grosso modo, é como se fosse como gêmeos siameses. Cada um tem sua identidade, mas há fluxo contínuo de interação entre eles. Adquire-se, assim, consciência interativa.
A partir desse nível de consciência é possível passar para a fase final: a intuitiva. Ela é caracterizada pela força de formação autônoma, podendo-se criar efetivamente, já que, nesse ponto do processo, objeto e sujeito estão unidos.
Com isso posto, podemos dizer que as melhores decisões são as intuitivas, exatamente pelo nível máximo de complexidade de relação entre o sujeito e o objeto base de processo decisório. Atletas de alto desempenho decidem o tempo todo de modo inconsciente. Porém, chegaram a esse ponto por meio de um processo árduo, trabalhoso, focado, do desenvolvimento da consciência intuitiva. E é assim que todos devem ser.
Assim, para uma tomada de decisão rápida e mais certeira, é preciso desenvolver seu nível de consciência sobre as variáveis envolvidas. Portanto, quanto mais você usar tempo para aprender, mais ganhará tempo e qualidade na tomada de decisão. É mais ou menos o que diz Oswaldo Montenegro, em Intuição: “canta o que não silencia / é onde principia a intuição / e nasce uma canção rimada / da voz arrancada o nosso coração”.
Pense nisso, se quiser, é claro!
Prof. Me. Coltri Junior é estrategista organizacional e de carreira, palestrante, adm. de empresas, especialista em gestão de pessoas e EaD, mestre em educação, professor e diretor da Nova Hévila Treinamentos. www.coltri.com.br; Insta: @coltrijunior